Ter seu animal de estimação é o sonho de toda criança e de grande estima dos adulto também, eles são companheiros, divertidos e estão cheios de amor para dar e receber, suas companhias fazem muito bem, em alguma situações os animais de estimação são tão queridos que acabam se tornando como se fossem da família, porém para ter seu animal de estimação não é tão simples assim, eles necessitam de diversos cuidados e precisam de amor e carinho para se manterem saudáveis.
Atualmente são diversas as opções de animais de estimação há quem adore cachorrinhos, gatos, pássaros, chinchilas, peixes, cavalo, entre outros. Os animais de estimação costuma ser os domésticos e não animais selvagens, estes jamais devem ser tirados de seu habitat natural, diferentemente dos animais domésticos que são acostumados a viver em residências e na cidade como nos seres humanos, porém como nós eles também precisam de espaço para brincar, correr ou seja gastar suas energias e tirar o stress.
Os animais de estimação são quase como pessoas, eles necessitam de carinho, cuidados veterinários, ou seja lazer, educação, cuidar da saúde e cabe a nós donos tomar estes cuidados com nossos bichinhos, para que eles sejam sempre saudáveis. O ideal é consultar um Medico veterinário de sua confiança e pedir algumas dicas que variam de animal de estimação para outro.
Mas sabe que todo o esforço compensa, pois os animais de estimação são amigos fieis e estão sempre a sua espera, seja para brincar, passear, ou simplesmente para ficar perto de você. Seja sempre amável com seu animal de estimação e tenha um amigo para vida toda.
Aqui estão mais alguns pássaros do Pantanal, ainda mais bonitos e curiosos. Existem milhares de aves nesta região, alguns quase em extinção.
Preservar a natureza é necessário, mas parece que muitos não se tocaram ainda dos riscos que podemos estar correndo por desprezar a natureza, o desequilíbrio parece que já está havendo, então para que estes animais não se tornem apenas “bonitos na foto”, devemos tomar cuidado com a natureza. ARAÇARI CASTANHO Menores e mais coloridos do que o tucanuçu, os araçaris estão em grupos o ano inteiro. Utilizam pomares e cidades com boa arborização na borda do Pantanal, sendo comuns ao redor do hotel em Porto Cercado. Costumam saquear menos os ninhos de outras aves, restringindo mais sua alimentação a frutos.
O bico é negro na parte de baixo e branco na parte de cima, com um pouco de negro na base. A cabeça é escura, com penas amarronzadas nos lados, destacando a pele nua e cinza azulada ao redor dos olhos, brancos e igualmente chamativos (foto). No peito, uma cinta vermelha cruza o amarelo das partes inferiores. As costas, logo antes da cauda, são vermelhas.
O grupo desloca-se em uma frente pelas árvores, à procura de alimento. Mantém o contato com um assobio fino e penetrante, muito característico. Ao se observar o primeiro araçari, basta procurar com atenção para encontrar os demais. Fazem ninho também em ocos, onde se refugiam para dormir. Os ocos são ninhos antigos de pica-paus ou papagaios, agora usados pelo araçari.
Aparece em todas as matas e cerradões da RPPN. Ao contrário do tucanuçu, não aparecem nas áreas abertas e cerrados do centro da reserva. Outra diferença com o tucanuçu é o seu hábito de deslocarem-se ou elegerem para descanso a parte interna das copas, ficando mesclados com as folhas e dificultando a observação.
Adoram alimentar-se de frutos de embaúba, voltando a mesma árvore por dias seguidos quando há frutos. Junto com os tucanos, estão no grupo dos melhores dispersores de sementes das matas do Pantanal. ARARA-VERMELHA Seu cartão de visitas é a bela plumagem vermelha, cor dominante em quase todo o corpo. As asas são azul escuro, com uma faixa esverdeada. As penas da longa cauda, vermelhas, terminam em uma ponta azul. A cara é branca, com linhas de penas pequenas e vermelhas na frente do olho. Bico branco na parte de cima e negro na parte de baixo. Estrutura de bico mais poderosa do que na arara-canindé.
Vive aos casais ou é vista solitária. No Pantanal, não costuma formar bandos, como as outras araras. Fora, é freqüente vê-la em associações maiores. Sua alimentação é variada, com frutos de diversas árvores e cocos. Chega a comer folhas de algumas plantas.
Faz os ninhos em ocos de árvores, muitas vezes ninhos de arara-azul já abandonados em uma estação reprodutiva ou disputados com ela. Devido ao tamanho, necessita de árvores de grande diâmetro, escavando o ninho a cada reprodução para forrá-lo com serragem. Postura de 2 a 3 ovos, com sorte saindo um filhote por ninho a cada ano. O choco é de 28 dias, com o filhote ficando três meses no oco, antes de voar. Sai com a mesma plumagem dos adultos, cauda um pouco menor, olho marrom (claro, no adulto).
Essa arara era freqüente no sudeste do Brasil, tendo ocupado a Mata Atlântica até a década de 80, quando ainda era observada no sul da Bahia e no Espírito Santo. A falta de registros recentes sugerem sua extinção na faixa costeira e no sudeste do Brasil. Locais como Serra das Araras, no Rio de Janeiro e Araraquara, em São Paulo, foram denominações originadas pela sua presença.
No norte de Mato Grosso, além dessa espécie de arara-vermelha, ocorre a Arara-canga Ara macao. Muito parecida, não detectada fora da Floresta Amazônica, a principal diferença é a faixa amarela sobre a asa, onde a arara-vermelha possui penas verdes. BIGUÁ Grande ave aquática, adulto totalmente escuro, com o juvenil pardo. No período reprodutivo, como na foto, os adultos apresentam os cantos do bico delimitado por penas brancas, bem como uma mecha de penas da mesma cor atrás do olho. Os olhos são verde claros com raias quase brancas.
É um parente distante dos pelicanos. Alimenta-se exclusivamente de peixes. Sua forma de pescaria é especial. Nada ativamente atrás dos peixes sob a água e, para facilitar seu deslocamento subaquático, as penas perdem parte da sua impermeabilidade, molhando-se. Dessa forma, para poder voar depois dos longos mergulhos, ficam pousados nas margens ou em árvores próximas à água, com as asas abertas ao sol. Nos seus vôos pós-mergulhos longos, precedem seu deslocamento até locais expostos com um comportamento curioso.
Ficam nadando na superfície e batendo as asas seguidamente, para secá-las um pouco e ganhar sustentação.
Esses vôos de saída da água são lentos e difíceis, ao contrário do que ocorre quando estão com as penas secas. Normalmente, deslocam-se em várias altitudes, desde próximo à água até grandes alturas. Nos vôos matinais para chegar a locais de pesca, costumam voar em bandos com formato de V, semelhantes a patos, sendo muitas vezes confundidos com esses. A observação detalhada logo separa os dois, devido ao ritmo de batimento de asas e formato geral da ave, onde a cauda é mais longa proporcionalmente ao corpo do que nos patos.
Seu período reprodutivo no Pantanal inicia-se ainda no período de cheias, quando ocupam os ninhais coletivos e produzem um alarido semelhante ao de porcos. Ano após ano reocupam áreas tradicionais e na região da reserva existem dois ninhais ativos. O maior está na baía da Moranguinha. Ocupados a partir do mês de fevereiro como locais de pouso noturno, em alguns anos começam a nidificar em seguida. Uma de suas áreas prediletas de alimentação é o Riozinho, onde podem ser vistas linhas de vôo contínuas desde os ninhais até baixarem nas águas, para uma pesca individual ou coletiva. No final de julho, é possível encontrar concentrações de centenas de biguás no Riozinho, alguns praticando a pesca coletiva. Nessa modalidade de pesca, o bando de biguás vai nadando na superfície de maneira coordenada e, ocasionalmente, mergulham algumas aves. Vão, pouco a pouco, encurralando um cardume junto à margem ou em um braço de corixo mais raso, quando todos mergulham juntos e pescam seus peixes.
Depois de setembro, reduzem seus números na região da reserva, embora exemplares isolados possam ser observados ao longo de todo o ano no local. Muito freqüente no rio Cuiabá, corixos e baías associados a esse sistema, é menos comum no rio São Lourenço, provavelmente devido à falta de baías e corixos desse último na área da reserva. Também as águas do São Lourenço são geralmente mais turvas, em função dos sedimentos vindos da região de Rondonópolis, o que pode dificultar a visão dos biguás sob a água. CANÁRIO DA TERRA Uma das aves mais conhecidas no país por ser mantido em gaiolas. A pressão de captura já ocasionou o seu desaparecimento de várias áreas. Também a alteração ambiental é um fator negativo em parte de sua antiga ocorrência. Apesar disso, coloniza áreas de chácaras e fazendas onde não é capturado. Além do canto, procurado para as rinhas de briga de canários. Essa utilização ilícita é feita aproveitando-se a combatividade natural da espécie no período reprodutivo. Cada casal estabelece um território, com os machos e fêmeas atacando os respectivos sexos para afastá-los do local.
Faz seus ninhos em ocos, buracos em paredes, forros ou nos ninhos de joão-de-barro abandonados. Leva palhas, penas e outros materiais para tecer uma tigela no interior do buraco, chocando até 4 ovos. O macho canta seguidamente, declarando o território ocupado. É um canto formado por várias sílabas altas, repetidas seguidamente (chamado de canto de estalo), com interrupções no meio e retomadas. A fêmea também canta. Áudio com o canto do canário da terra:
Os pais alimentam os filhotes e esses saem do ninho parecidos com a fêmea. Conforme a região do país existe uma plumagem diferente. No Pantanal, as fêmeas são levemente mais escuras do que os juvenis, tendo penas amareladas no corpo, asa e cauda, além das laterais do corpo fortemente riscadas. Já os machos pantaneiros são de plumagem onde o amarelo domina, com tom esverdeado nas partes superiores. Nessa região há uma série de riscas negras. Na cabeça, sobre os olhos, o cartão de visitas da espécie com o forte laranja de próximo ao bico, tornando-se amarelo em uma listra superciliar. CARDEAL DO BANHADO Observado exclusivamente nos brejos com piri, gosta de pousar em locais expostos para tomar sol pela manhã ou quando qualquer coisa perturba a área. As cores, forma do corpo e comprimento do bico são inconfundíveis. Cabeça e peito vermelho alaranjados intensos (mesma cor nas penas da perna, menos visíveis) contrastam fortemente com o negro fechado do corpo (foto). As aves juvenis são cinza escuro uniforme, algumas já apresentando penas vermelhas. Graças às cores recebeu os nomes comuns, por lembrar fardamento militar antigo.
O Pantanal é o limite de distribuição norte da população da bacia platina, estando a RPPN em um dos extremos de ocorrência em direção nordeste (afora um registro em Gurupi, estado do Tocantins). Pouco comum na planície, costuma ser mais notado nas proximidades do rio Paraguai, em direção a Porto Murtinho.
Vive solitário. O canto é um chamado elaborado, conforme é regra entre as aves dessa família. Mistura chamados de vários tons, alguns baixos e outros muito agudos. Em geral, está calado no Pantanal.
Na RPPN é anotado nos pirizais da região sul e em alguns pontos das partes central e norte com esse tipo de brejo. Considerado residente, mas muitos pirizais secam com a baixa das águas e o capitão deve movimentar-se para locais ainda embrejados, já que desaparece das áreas onde foi observado na cheia. A amplitude desses movimentos ainda não foi estabelecida. EMA Maior ave do continente e uma das mais antigas, com fósseis de 40 milhões de anos. Seus parentes mais próximos estão na África (avestruzes) e Austrália (casuares e emus). Os ancestrais da ema eram aves voadoras, mas evoluíram usando a corrida como principal forma de fuga de predadores. Perderam a capacidade de vôo com o desenvolvimento corporal; o macho chega a 34 quilos de peso. Suas antigas penas de vôo alteraram-se para estruturas macias, as quais são usadas para a corte das fêmeas e ajudam a dar equilíbrio nas corridas (até 60 km/h), com mudança repentina de direção. Essas penas foram muito utilizadas na fabricação de espanadores, havendo uma caça comercial regular da ema até a década de 1960 para retirada das penas. A carne não era utilizada. Cria facilmente em cativeiro e adapta-se à presença humana, desde que não haja perseguição ou cachorros. Os índios bororós associam a forma do Cruzeiro do Sul à ema. Os ovos são muito apreciados pelos pantaneiros para alimentação.
Vivem em grupos a maior parte do ano. Na foto, um macho, com seu característico pescoço negro mais forte e mais extenso do que suas parceiras. Também é um pouco maior do que as fêmeas. No período reprodutivo, os machos começam a emitir um urro forte e contínuo, parecendo um boi, vindo daí o nome indígena de Nhandu. Reúnem várias fêmeas em um harém e todas botam os ovos em um grande ninho. Ele é escavado pelo macho no chão, encoberto por capinzal e próximo a um capão de mata, sendo forrado com capins e folhas. Feita a postura, as fêmeas deixam para o macho a tarefa de chocar os ovos e cuidar dos filhotes, procurando o território de outro macho para novo acasalamento.
Alimentam-se principalmente de folhas, complementando com insetos e pequenos vertebrados. Comem pequenas pedras para auxiliar a moela a digerir os componentes mais duros da dieta, vindo daí o dito “estômago de avestruz” para significar que come qualquer coisa. Outra característica associada à ema e à avestruz é a idéia de que frente ao perigo, enterram a cabeça. Talvez seja derivado do hábito que têm de dormir com o pescoço para a frente, sobre a terra ou do fato de se esconderem atrás de moitas, deitando-se no solo com a cabeça sobre a terra.
Embora nadem com facilidade, preferem as áreas mais secas do Pantanal para viver. Na reserva estão mais presentes nas áreas de cerrado estacionalmente inundável da parte central. GAVIÃO TESOURA Um dos mais espetaculares gaviões, devido ao perfil formado pela longa cauda negra em “V” (foto). O corpo é delgado, com pés e pernas muito pequenos.
Costuma ser gregário, com bandos de até 15 gaviões-tesoura voando juntos. Sua habilidade de vôo é impressionante, manobrando rapidamente sobre a copa das árvores ou passando logo abaixo delas. Ali busca seu alimento, onde misturam-se aves, pequenos lagartos, cobras arborícolas e lagartas. Costuma apanhar frutos nas árvores, nesses rápidos vôos de passagem. Também captura, em vôo, insetos. Come suas presas no ar.
Possui uma subespécie residente no Brasil e, de agosto/setembro a fevereiro, chega a subespécie da América do Norte. Essa última, reproduz-se do norte do México até a costa leste dos Estados Unidos, migrando para o sul e sudeste do Brasil, conforme a recuperação de aves anilhadas.
Na RPPN, é uma ave de passagem ocasional, sobrevoando a copa das matas ribeirinhas ou a grande altura. Seu movimento migratório principal para o sul ocorre em agosto, início de setembro, retornando em fevereiro, sendo esses os períodos mais prováveis de observação na reserva. JAPU-GUAÇU A maior ave da família no Pantanal, os machos impressionam pelo tamanho e pela diferença de porte em relação às fêmeas. Fazem ninhos em bolsas trançadas, colocando-as na ponta de galhos ou folhas de palmeira altas, em locais bem expostos. Galhos sobre os rios Cuiabá e São Lourenço podem ser ocupados, destacando os ninhos na paisagem.
Os machos iniciam o trançado, fazendo uma base, mas logo abandonam a tarefa e deixam às fêmeas o trabalho principal de tecelagem de duas ou três semanas. São utilizadas fibras vegetais, com preferência para as fitas de folhas de palmeiras, retiradas com o bico. A entrada fica próxima ao ponto de apoio e, com o peso da ave chocando ou dos filhotes no interior, as fibras são repuxadas e fecham-na, uma proteção contra predadores. Medem até um metro de comprimento. O trançado é resistente, durando meses ao sol e à chuva, mesmo após os ninhos serem abandonados. Somente a fêmea choca e cuida dos filhotes.
Os machos ficam cantando seguidamente na colônia, formando pequenos haréns. O canto é especial, com uma série de ruídos diferentes de qualquer ave. Em vôo ou para dar o alarme, possuem um grasnado rápido, usado para comunicar-se com os outros japus.
Durante o dia, buscam alimento de forma solitária ou em pequenos grupos. Procuram invertebrados, néctar, frutos e flores no meio da folhagem, às vezes em locais e alturas inesperadas pelo tamanho da ave. Usam pomares, onde podem causar danos para pequenos agricultores. Entram nas cidades pantaneiras, em visitas rápidas, quando há oferta de frutas nas árvores.
Além do tamanho, é inconfundível o contraste do corpo com as penas amarelas da cauda (somente as centrais são negras). O tom amarronzado da base da cauda (foto) é pouco visível na natureza. Por outro lado, o enorme bico pontudo e de cor marfim chama a atenção. As aves adultas possuem o olho azul piscina, sendo marrom escuro nos juvenis.
Habitam as matas ciliares, matas secas e cerradões. Deslocam-se grandes distâncias entre pontos de dormida e áreas de alimentação. No final da tarde começam a voar para as áreas de dormida, juntando-se pouco a pouco até chegar a algumas dezenas ou centenas. Concentrações tão grandes formam-se entre maio e julho, atraindo também japuíras e guiraúnas. Ocorrem em toda a RPPN, embora não utilizem muito os cerrados das partes central e norte. Pode ser visto nos jardins do hotel, em Porto Cercado. MARIA-COCÁ Domina no macho a coloração negra, enquanto na fêmea ela é amarronzada. Entretanto, o macho é todo barrado (razão de um dos nomes comuns), exceto pelo negro uniforme do alto da cabeça, enquanto a fêmea possui somente os lados da cabeça estriados. Na ave adulta, o olho é branco com leve tom amarelado (marrom avermelhado nos juvenis).
Também mantém as penas da cabeça eriçadas boa parte do tempo, em um topete muito destacado. Vivem em casais, às vezes com os filhotes da estação reprodutiva. Costumam freqüentar as capoeiras, bordas da mata ciliar, cerradões e matas secas, raramente entrando alguns metros na vegetação mais alta. Percorrem a parte central e alta dos arbustos, caçando invertebrados e mantendo contato com piados graves.
Ocasionalmente, em bandos mistos. Cantam o ano inteiro, emitindo o chamado territorial com maior constância entre julho e dezembro. Grave como na choca, embora muito mais curto e terminando com uma nota alta. Na região da RPPN é traduzido como maria-cocá. Comportamento reprodutivo como na espécie anterior, construindo seus ninhos nas bordas da mata e nos arbustos. Ampla distribuição no Brasil (todo o Pantanal), com os contrastes de cores da plumagem e cor do olho variando de região a região. MUTUM A maior ave da família no Pantanal, o mutum passa a grande parte do dia no solo da mata ou nas proximidades dos capões. Ao amanhecer e no final da tarde, pode ser visto nas praias ou nas estradas pantaneiras.
Alimenta-se de flores caídas de ipês (piúvas), frutos no chão e invertebrados. Empoleira-se a meia altura, durante a noite ou nas horas mais quentes do dia. O ninho, uma grande maçaroca de galhos e folhas, é construído a 3 ou mais metros de altura do chão, camuflado por folhas da árvore de sustentação. Postura de dois ovos, chocados ao longo de um mês. Os filhotes voam atrás dos pais no segundo dia de vida, sendo a reprodução no final da seca e início da temporada de chuvas.
O nome mutum vem do canto territorial do macho, um som gutural, alto. Mais freqüente de julho a dezembro, embora possa ser escutado em qualquer mês do ano. No período reprodutivo, começa a cantar na madrugada, ainda escuro e prossegue, com grandes intervalos, até o meio da manhã. Canta tanto empoleirado, como no solo, virando a cabeça para o chão, entreabrindo as asas e expulsando o ar pela traquéia, em movimentos ritmados do corpo.
Além desse chamado, macho e fêmea possuem um assobio alto e curto, usado como alarme. Responde, quando imitado.
Vive aos casais, sendo raro encontrá-lo isolado. Muito territoriais, somente aceitam os filhotes juntos por algum tempo, sendo logo expulsos da área, ao atingirem o tamanho dos pais.
O contraste das cores da plumagem dos dois sexos é marcante (foto). Macho todo negro, com a barriga e ventre brancos. A pele nua em volta das narinas é amarelo vivo, em contraste com o negro do bico. Cauda longa e negra, com a uma pequena ponta branca. Já a fêmea é mais colorida, embora o negro domine no dorso. Possui uma série de finas listras brancas nas costas e parte do peito, com a barriga e ventre amarelados. A crista, formada por penas sempre eriçadas, é branca, com pontas negras. A pele das narinas é escura, como o bico e cabeça, às vezes com alguns pontos amarelos. Os filhotes nascem com uma plumagem especial, muito colorida, logo trocada para a plumagem do sexo correspondente.
Apesar de ser uma ave procurada como caça, no Pantanal é bastante freqüente. Nos lugares onde não é perseguida, aproxima-se das casas e vêm ao terreiro comer junto com a criação doméstica. PICA-PAU Macho e fêmea diferem pelas distribuição de cores da cabeça. No macho (foto) grande capuz vermelho, com negro só na garganta. Uma pequena área branca e preta parece uma orelha. O branco lateral inicia-se no pescoço. Na fêmea, o branco lateral começa no bico. Na testa e por todo a parte alta da cabeça, uma faixa negra.
Para separar do pica-pau anterior, sob boa luz é possível ver o tom marfim do bico (escurecido em Dryocopus lineatus). Nas costas, a faixa branca dessa espécie une-se no centro, formando um “V”. Na anterior, as duas faixas são paralelas e não se encontram. A faixa negra da cara não engloba os olhos em Campephilus melanoleucus, enquanto na anterior os olhos estão dentro da larga faixa negra.
Tamborilar territorial mais curto, com duas ou três batidas separadas, sem formar o efeito acelerado da anterior. Igualmente, risada alta de contato e território (mais curta).
Faz ninhos em árvores grandes da mata, algumas vezes usando a cicatriz de um galho caído para iniciar a escavação. Seus ninhos, após abandonados ou ainda ocupados, são procurados por outras aves grandes, mamíferos ou répteis para reprodução ou descanso. As araras dependem dessa e da espécie anterior para terem ocos.
Também ocupa árvores menores na borda da mata ou em murundus isolados. É o pica-pau maior mais facilmente observado na RPPN e região. PRÍNCIPE NEGRO Esse é o periquito típico das áreas de Chaco do centro do continente. O Pantanal é o seu limite norte e leste de distribuição, sendo pouco freqüente na RPPN, em virtude da localização próxima à borda de ocorrência. Podem ser observados em vários ambientes abertos, sujeitos à inundação periódica. Possuem, preferência, no entanto, pelos carandazais (a associação entre palmeiras carandás), formação ausente da RPPN. Ocorrem, com maior frequência, na área do Riozinho e rio Cuiabá.
O contraste entre o negro de grande parte da cabeça e bico com o verde do corpo é sua característica principal, sendo uma combinação de cores rara entre os psitacídeos. O peito é levemente azulado, com os calções vermelhos (foto). As longas penas das asas e cauda são negras.
Vive em bandos de poucos até dezenas de indivíduos. Mesmo no período reprodutivo, continua a viver nessas associações. Vários príncipes-negros inspecionam um potencial oco antes da postura dos ovos. Postura de 4 ovos; é desconhecido se mais indivíduos auxiliam o casal a tomar conta dos ovos e filhotes.
Comem frutos, coquinhos, flores e sementes, algumas vezes no solo. Gostam de mangas amadurecendo. Geralmente, pousam em arbustos baixos. Qualquer sinal de alarme dado no grupo faz com que todos levantem vôo e circulem a área. Seus gritos são fortes, altos, graves e parecidos com a jandaia-coroinha. DANÇADOR Os contrastes de cores do macho são únicos entre as aves da RPPN. O tom de vermelho fogo intensifica-se no alto da cabeça e pescoço, estendendo-se pelo peito (foto). Todo o restante é amarelo vivo, em oposição ao negro do resto das costas e asas. A cauda é curta e pequena para o tamanho do corpo, produzindo uma silhueta característica. A fêmea é toda esverdeada, com tom mais amarelado na barriga (foto). Nos dois sexos, os olhos são brancos, mais destacados na fêmea devido à cor verde escura dominante.
Vivem no interior da mata do Bebe, sendo raro conseguir observá-los bem, apesar das cores. Andam na região abaixo das árvores até cerca de 1 metro do chão, pousando em galhos expostos ou no meio da folhagem. Possuem um vôo rápido e, ao pousarem, ficam imóveis por alguns segundos, dificultando a localização.
Uma outra espécie de Dançador, com uma plumagem azulada:
Ao contrário do soldadinho, os machos possuem uma arena de dança (vindo daí o nome dançador em português e tangará em tupi, com o mesmo significado), onde as fêmeas vem procurar o seu par. Em algumas ocasiões, dois machos exibem-se na arena, mas o dominante é quem acasala. Após a cópula, a fêmea volta à sua área de vida para construir o ninho, chocar os ovos e cuidar dos filhotes sozinha. As arenas são tradicionais e, mesmo fora do período reprodutivo, os machos as visitam e dançam, procurando manter as melhores posições durante todo o ano. Uma vez localizadas, fica mais fácil de encontrar essa ave única.
Além das matas secas do Pantanal, ocorre em toda a Amazônia ao sul do rio Amazonas, matas ciliares maiores e matas secas de todo o centro-oeste, parte do interior de São Paulo e norte do Paraná (nesses últimos estados, já bastante raro, devido ao desmatamento). TUCANO Os tucanos são, junto com as araras e papagaios, um dos símbolos mais marcantes das aves do continente sul-americano. Seu colorido, o formato e tamanho do bico chamam a atenção com facilidade, tornando-os inconfundíveis.
O tucanuçu é o maior deles, vivendo em todo o Brasil Central e partes da Amazônia. No Pantanal está a sua maior população, podendo ser encontrado até no interior das cidades, em rápidas visitas a pomares e árvores com frutos. Além dessa fonte alimentar, caçam insetos, pequenos vertebrados e não hesitam em saquear os ninhos de outras espécies, comendo ovos e filhotes. Devido a essa característica, são prontamente perseguidos pelas aves em período reprodutivo. De setembro a novembro é comum observarmos os tucanos voando e um grupo de aves atacando-os duramente, chegando a arrancar tufos de penas de suas costas.
O bico corresponde a quase metade do tamanho do tucanuçu, destacando-se pela sua cor amarelo alaranjada com algumas faixas avermelhadas e grande mancha negra na ponta (no adulto – foto). Apesar do tamanho, é muito leve, devido à estrutura interna, onde existem grandes espaços vazios. O tucano usa-o com grande habilidade, apanhando desde pequenas presas até separando pedaços de alimentos maiores. Suas bordas são serrilhadas e a força do tucano corresponde a seu tamanho. Para ingerir o alimento, lança-o para trás e para cima, em direção à garganta, enquanto abre o bico para o alto.
Usa ocos de árvores para colocar seus dois ovos por postura. Ocupa locais abertos por outras aves, em especial araras e papagaios. Os filhotes nascem sem penas e ainda de olhos fechados. Saem do ninho após cerca de 45 dias de nascidos, menos coloridos do que os pais e com bico todo amarelo.
Vivem em casais no período reprodutivo, formando bandos após a saída dos filhotes dos ninhos. Comunicam-se com chamados graves, parecendo um pouco o mugido do gado (vindo daí o nome goiano de tucano-boi). Os ocos também são usados para dormir, quando a grande ave dobra-se de tal forma que diminui o seu tamanho em dois terços. Inicialmente, coloca o bico sobre as costas e, em seguida, cobre-se com a cauda. Essa posição de dormida também é usada quando dorme no meio das folhas da parte superior da copa das árvores. SÃO-JOÃOZINHO O macho, em plumagem de reprodução, é inconfundível. O vermelho vivo da parte ventral contrasta com o dorso escuro (foto). Atrás dos olhos, uma linha escura reforça o contraste e torna-o único. Na fêmea, no macho juvenil e no macho adulto, entre março e julho, a plumagem da região ventral é cinza clara com estrias mais escuras. Barriga com penas levemente róseo alaranjado ou amareladas (juvenis) ou avermelhadas (foto). A linha escura atrás dos olhos presente, com o dorso em tom escuro, embora menos contrastante do que na plumagem reprodutiva.
A população pantaneira é migratória, chegando a partir de maio, vindo do sul do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. O nome comum de Barão do Melgaço indica a chegada próxima à festa de São João, no final de junho, quando é mais notado. O nome verão é dado no sul do Brasil, indicando a chegada, por lá, no período em que o tempo esquenta, após o inverno.
A maior parte das aves migra mais ao norte, até a Amazônia. Apesar da literatura considerar o Pantanal como área de nidificação, na RPPN estão de passagem ou durante o inverno austral. Os últimos são anotados em setembro. A maioria migra para o sul em agosto (logo depois dos machos adquirirem a plumagem vistosa), onde irão se reproduzir.
Além das cores, destaca-se por seu hábito de pousar em galhos expostos, cercas e fios. Dali, voa e captura insetos em vôo, retornando ao poleiro favorito. Ocupa os ambientes abertos, desde campos, praias de rio com arbustos até cerrado e bordas de vegetação florestal. Não penetra em áreas com adensamento de vegetação. Observado em toda a RPPN, é comum nas partes central, norte e na região de campos entre o Riozinho e o rio Cuiabá. Utiliza ambientes criados pelas mãos humanas, sendo notável nos jardins do hotel em Porto Cercado. Pode ser observado na periferia e jardins de cidades como Poconé e Cuiabá, por exemplo.
Vários pássaros do nosso Brasil estão na região do Pantanal, existem milhares de espécies de aves, vou postar alguns nesta primeira parte. Aliás, quem sabe este post ajude a concientizar as pessoas de como a natureza pode ser muito bela e que deve ser conservada como está.
Tem alguns pássaros conhecidos em todo Brasil e no mundo, como a Arara Azul, a Andorinha, o Anu, etc…, que também aparecem em vários estados.
São todos pássaros silvestres, é proibida a criação em cativeiro, só mediante a aprovação do Ibama. O PANTANAL
Mas antes de relatar alguns pássaros do Pantanal, um pouco de conhecimento sobre a região.
O Complexo do Pantanal, ou simplesmente Pantanal, é um ecossistema com 250 mil km² de extensão, situado no sul de Mato Grosso e no noroeste de Mato Grosso do Sul, ambos Estados do Brasil, além de também englobar o norte do Paraguai e leste da Bolívia (que é chamado de chaco boliviano), considerado pela UNESCO Patrimônio Natural Mundial e Reserva da Biosfera.
O Pantanal é uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta e está localizado no centro da América do Sul, na bacia hidrográfica do Alto Paraguai. Sua área é de 138.183 km², com 65% de seu território no estado de Mato Grosso do Sul e 35% no Mato Grosso. A região é uma planície pluvial influenciada por rios que drenam a bacia do Alto Paraguai, onde se desenvolve uma fauna e flora de rara beleza e abundância, influenciada por quatro grandes biomas: Amazônia, Cerrado, Chaco e Mata Atlântica.
O Pantanal é um paraíso para os ornitologistas e para os observadores de pássaros. Ver e fotografar belas aves aquáticas e paludícolas não é difícil nesta região. Desde a maior cegonha do mundo, símbolo do Pantanal, o tuiuiú ou jaburu Jabiru mycteria cuja figura sonolenta, descansando sobre somente uma perna, faz parte integrante da paisagem pantaneira, até as pequenas jaçanãs, que não param de mover-se sobre plantas aquáticas capturando insetos.
OS PÁSSAROS
ARARA AZUL
Arara-azul
As araras-azuis são animais que se destacam pela beleza, tamanho e comportamento. Essa ave está atualmente ameaçada de extinção devido à caça, ao comércio clandestino e à degradação em seu habitat natural por conta do desmatamento.
Conheça a Arara-azul
Características
Nome científico: Anodorhynchus hyacinthinu.
Espécie ocorre em 11 estados brasileiros (AP, BA, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PI, SP, TO, AM).
Está na lista de espécies ameaçadas de extinção.
Maior entre os psitacídeos (papagaios, periquitos, araras, maritacas).
Chegando a medir um metro da ponta do bico à ponta da cauda.
Peso de até 1,3 kg.
Comportamento
Gostam de voar em pares ou em grupo.
Os casais são fiéis e dividem as tarefas de cuidar dos filhotes.
Nos fins de tarde, se reúnem em bandos em árvores “dormitório”.
Alimentação
Se alimentam das castanhas retiradas de cocos de duas espécies de palmeira: acuri e bocaiúva.
No caso do acuri, aproveitam aqueles caídos no chão, ruminados pelo gado ou por animais silvestres.
O coco da bocaiuva é colhido e comido diretamente no cacho.
Habitat
No Pantanal, 90% dos ninhos de araras-azuis são feitos no manduvi, árvore com cerne macio. Também são utilizados a Ximbuva (Enterolobium contortisiliquum) e o Angico Branco (Albizia nipioides).
As araras aumentam pequenas cavidades no tronco das árvores para fazer seus ninhos.
Os ninhos são forrados com lascas que as araras arrancam da árvore.
Há disputa com outras espécies por ser difícil encontrar cavidades naturais.
Reprodução
Aos sete anos a arara-azul começa sua própria família.
Em média, a fêmea tem dois filhotes, mas em geral, só um sobrevive.
Ela passa a maior parte do tempo no ninho, cuidando da incubação dos ovos.
O macho se responsabiliza por alimentá-la.
Na época de incubação, 40% dos ovos são predados por gralhas e tucanos, entre outras aves, ou por algumas espécies de mamíferos, como o gambá.
Passados aproximadamente 28 dias, o ovo eclode.
Os filhotes
Nascem frágeis e são alimentados pelos pais até os seis meses.
Correm risco de vida até completarem 45 dias, pois não conseguem se defender de baratas, formigas ou outras aves que invadem o ninho.
Somente com três meses de vida, quando o corpo está todo coberto por penas, se aventuram em seus primeiros vôos.
Na maioria dos casos, só um filhote (o mais forte mais saudável) sobrevive.
BEIJA-FLÔR TESOURA
Ao contrário de outras espécies de beija-flores, vive, principalmente, na borda da mata, cerradões e cerrados. Acostuma-se com os ambientes urbanos e penetra nas cidades. Muito agressivo, ataca outros beija-flores e cambacicas ou sebinhos visitando as “suas” flores. Ágil, mete-se no meio dos arbustos nessas lutas rápidas; chega a acompanhar a fuga do opositor.
Também ataca aves maiores, inclusive gaviões e tucanos, quando aproximam-se do ninho.
Em julho/agosto visita as flores do cambará, mantendo territórios de alimentação fortemente defendidos. Tanto em vôo quanto pousado, a longa cauda em forma de tesoura (razão do nome comum) destaca-se em sua silhueta (foto). Comumente, cruza o rio Cuiabá ou o São Lourenço, em vôos altos, rápidos, quando a silhueta característica permite identificá-lo.
Nas horas mais quentes do dia, pousa no interior de arbustos ou árvores e pode ficar chilreando longamente. Antes de fazer os vôos de ataque, emite um dois estalos rápidos e sai em perseguição. Se o outro beija-flor pousa, fica rodeando-o até esse retomar o vôo, escoltando-o para fora do território imaginário.
O tom esverdeado da plumagem, como acontece nas cores iridescentes dos beija-flores, aparece unicamente sob condições perfeitas de iluminação. Fora essas situações, geralmente é percebido como de um tom azul marinho ou negro, com um tufo branco na base das pernas. CABECINHA VERMELHA
Além de ser uma das aves mais coloridas do Pantanal, também é das mais comuns ao longo dos rios, corixos e baías de toda a planície. Forma grupos de até algumas dezenas em comedouros, como no hotel em Porto Cercado e sobre as mantas de carne salgadas secando ao sol.
Habita os saranzeiros da beira dos rios e, à noite, é possível vê-los dormindo nesses arbustos sobre o rio, alguns cobertos pelos bandos maiores. Durante o período de cheias, acompanham a subida das águas, atingindo locais distantes dos rios. Colonizam casas de fazenda e outras estruturas criadas pela ação humana, permanecendo o ano todo no local, quando há alimentação.
Apanham insetos, outros invertebrados e sementes no chão. Vivem em grupos durante todo o ano, embora haja forte disputas entre eles por espaço ou alimento.
Macho e fêmea são idênticos, com o característico vermelho da cabeça contrastando com o restante das cores e com o bico amarelo alaranjado.
As aves juvenis saem do ninho com as costas e o babador acinzentados. Cabeça parda. Os filhotes estão com os pais nos bandos a partir de dezembro. Nos meses seguintes, começam a mudar e aparecem penas com as cores definitivas. Entre janeiro e julho, os juvenis estão com uma mescla de plumagem, parecendo estar “sujos”. CARCARÁ
Uma das aves mais generalistas em seus hábitos alimentares, aproveita, literalmente, todas as fontes disponíveis. Come a polpa externa do coco acuri, insetos apanhados no solo, peixes morrendo em poças secando, lagartos, cobras, minhocas e caranguejos. Saqueia ninhos de outras aves, mesmo os ninhos de tuiuiú. Fica nas proximidades dos ninhais para comer restos de comida caídos no chão, ovos ou filhotes deixados sem a presença dos pais. Chega a reunir-se a outros carcarás para matar uma presa maior. É também uma ave comedora de carniça, chegando logo a uma carcaça. Afasta os urubus e outros carcarás agressivamente.
Ocorre em todos os ambientes abertos do Pantanal, sobrevoando as matas mais densas e pousando em clareiras.
Busca seu alimento no solo, seja no meio da vegetação, seja em praias de rios. Adaptou-se à presença humana, comendo restos de comida no lixo das casas ou vísceras de peixes nos acampamentos de pescadores. Atrevido, pode roubar comida exposta dos acampamentos.
É inconfundível. A pele nua em volta da narina é, geralmente, vermelha ou carmim. No entanto, a ave pode, em questão de segundos, mudar para amarelo.
Provavelmente, essa mudança ocorre com aumento ou redução da quantidade de sangue circulando na superfície, com essa variação atendendo ao estado emocional do momento. Muito agressivo, mesmo assim concentra-se em grupos para alimentar-se de carniça ou nas áreas em volta das casas.
A ave juvenil diferencia-se pelo peito sem o padrão de listras e o branco do peito e cabeça. Essas áreas são claras, com riscas longitudinais mais escuras, além do corpo ser cinza escuro, quase negro. Em qualquer idade, é notável a área clara na ponta da asa negra. Esse contraste permite sua identificação, mesmo voando a grande altura. Voa com batidas rápidas de asas ou aproveitando as correntes de ar ascendente.
Durante a noite ou nas horas mais quentes do dia, costuma ficar pousado nos galhos mais altos, sob a copa de árvores isoladas ou nas matas ribeirinhas.
Para avisar os outros carcarás de seu território ou comunicação entre o casal, possui uma chamado que origina o seu nome comum, caracará no Pantanal, carcará em outras partes do centro-oeste e nordeste. Nesse chamado, dobra o pescoço e mantém a cabeça sobre as costas, enquanto emite o som. O nome carancho é usado no sul do país, também de origem onomatopéica.
Constrói um ninho com galhos em bainhas de folhas de palmeiras ou usa ninhos de outras aves. Os dois ovos são incubados durante 28 a 32 dias, com o filhote voando no terceiro mês de vida. CARDEAL
No Brasil, essa espécie ocorre no Rio Grande do Sul e no Pantanal, acompanhando o vale do rio Paraguai, sem existir nos estados intermediários. A RPPN está nos limites setentrionais do cardeal, apresentando uma população naturalmente rarefeita. Pode ser visto na região entre os rios Cuiabá e o Riozinho, além de alguns pontos esparsos na parte oeste da RPPN, sempre em ambientes abertos.
A principal característica da espécie é o longo penacho vermelho, mantido ereto ou semi ereto sempre. O vermelho estende-se por toda a cabeça e forma um babador que vai estreitando-se até o alto do peito. Branco no restante das partes inferiores, como o largo colar no pescoço e parte posterior da cabeça. Esse colar separa o cinza do restante do corpo. As aves juvenis saem do ninho com as cores apagadas e a cabeça parda (já com penacho), mudando para vermelho ao longo do primeiro ano de vida. Juvenis quase adquirindo a plumagem adulta mesclam penas pardas na cabeça (foto). O galo-de-campina do nordeste brasileiro é idêntico na distribuição de cores, mas não possui o penacho.
Alimenta-se de grãos e invertebrados, sempre apanhados no solo. Geralmente calado, vive solitário ou em casais durante o período reprodutivo (julho a novembro). É o momento em que os machos cantam, em especial no clarear do dia. Canto flautado, com pios altos intermediários. COLEIRINHO
Das pequenas aves granívoras desse gênero, o coleirinho é a mais conhecida e origem do nome comum da maioria delas.
O macho, com seu inconfundível colar branco e negro recebeu essa denominação (foto). Além do colar, ao lado da garganta negra um “bigode” branco define a área sob o bico amarelado ou levemente cinza esverdeado.
A fêmea é toda parda, mais escura nas costas. Sob luz excepcional, é possível ver que ela também possui o esboço do desenho da garganta do macho. Os machos juvenis saem do ninho com a plumagem idêntica à fêmea. Fora do período reprodutivo, são muito gregários, formando bandos com outros coleiros de várias espécies e com os tizius. Congregam-se nos capinzais soltando grãos e usam o bico forte para quebrar as sementes. O nome papa-arroz vem do hábito de também usarem plantações de arroz como fonte de alimentação.
Além do arroz, adaptaram-se às várias gramíneas trazidas da África e acompanharam a expansão da pecuária nas áreas anteriormente florestadas. No período reprodutivo, o casal afasta-se do grupo e estabelece seu território. O ninho e todas as demais tarefas correspondem à fêmea, ficando o macho com a atribuição de cantar para afastar outros coleiros da área.
Apesar de viver nas áreas abertas, procura árvores da borda das matas nos horários quentes do dia e nidifica em árvores e arbustos do contato mata/campo aberto.
Ocorre em todos os ambientes abertos, especialmente na região entre o rio Cuiabá e o Riozinho, quando baixam as águas. Nesse período do ano, as gramíneas logo nascem e tratam de formar sementes antes da chegada da próxima cheia, fornecendo alimento para as aves granívoras.
Também usa a parte superior das praias dos rios Cuiabá e São Lourenço na vazante, quando as mesmas gramíneas colonizam as areias expostas pelo menor nível dos rios.
Pode ser visto, com facilidade, nos jardins do hotel de Porto Cercado e na praia em frente. As populações do sul do continente migram para o norte em abril e aparecem no Pantanal em sua passagem. O mesmo ocorre em setembro, quando retornam, ficando alguns dias ao lado das aves pantaneiras. JURUVA
Uma das aves mais espetaculares do Pantanal pelo colorido e pelo formato único das penas da cauda. Caça insetos e pequenos vertebrados a partir de um pouso fixo.
O canto é semelhante ao de uma coruja, emitido mais freqüentemente no clarear e escurecer, embora possa ser escutado a qualquer hora do dia e da noite. Começa com um chamado curto, grave, acelerado (entendido como udu ou duro). Quando outra juruva responde, aceleram o canto e aumentam o número de “udus” (a interpretação onomatopaica do canto passa a ser juruva).
Ativa o dia inteiro, impressiona a dificuldade de vê-la nas sombras da vegetação, apesar do colorido intenso do corpo e cabeça, além do tamanho da cauda. O verde brilhante da plumagem é amarelado na barriga e peito. Ao redor dos olhos, vermelhos, grande máscara negra, terminando em duas pontas. Bordejando toda a máscara, azul cobalto intenso, mais claro e extenso na fronte. Alto da cabeça negro. Asas e cauda com ponta azulada. Macho e fêmea são idênticos, com o mesmo bico forte, negro e todo serrilhado. No peito, duas penas negras parecem uma gravata borboleta.
A cauda é longa, com as penas centrais mais compridas do que o corpo e com as demais menores e escalonadas. Na ponta das penas centrais aparecem duas raquetes, onde as franjas laterais da pena foram perdidas e restou somente a ponta. Essa estrutura chama ainda mais a atenção quando a juruva movimenta a cauda lateralmente, em especial quando sente-se observada. Ela origina-se da perda, natural, das estruturas laterais da pena após sua formação. Os índios interpretavam essa forma como sendo resultado do transporte, pela juruva, das brasas mandadas pelos deuses para acender a primeira fogueira dos seres humanos.
O ninho da juruva é um buraco em barranco de rio ou corixo, às vezes com mais de um metro e estreito. Nas matas e cordilheiras sem barranco, aproveita a entrada do buraco de um tatu para iniciar a escavação do seu túnel horizontal logo abaixo do nível do solo. Tendo a ave cerca de 45 centímetros, com sua cauda, fica a questão de como entra e sai sem danificar suas longas penas especiais. GARCINHA
Também de plumagem completamente branca, difere das outras garças de mesma cor pelo bico negro e as pernas negras, embora os pés sejam amarelos nas aves adultas. Os juvenis saem dos ninhais com as pernas amarelo esverdeadas e os pés com o mesmo tom. É bem menor que a garça-branca, com quem muitas vezes está associada nos locais de alimentação e em vôo.
Como todas as garças, voa com o pescoço dobrado e pés esticados, fazendo uma silhueta característica de todas as aves da família. Devido ao tamanho, bate a asa com maior freqüência que a garça-branca, facilitando sua identificação quando estão juntas. Ocorre em todos os ambientes aquáticos da reserva.
Ao contrário das outras garças pescadoras, não costuma ficar parada esperando a presa. Possui diversas técnicas de pescaria ativa, sendo uma das mais interessantes quando usa os pés coloridos para atrair os peixes nas margens das praias. Movimenta um dos pés sob as águas, como iscas para os pequenos peixes de que se alimenta.
Também costuma realizar rápidas corridas dentro d’água e paralelas às margens, espantando os peixes e conseguindo apanhá-los em rápido movimentos de bico. Outra técnica utilizada é a de acompanhar capivaras ou cabeças-secas em áreas inundadas, caminhando ao lado e apanhando peixes e insetos espantados pelo movimento dos animais maiores. Onde existe criação de búfalos ou o gado está pastando dentro d’água, também associa-se aos animais para apanhar as presas ocasionalmente espantadas pelos movimentos das reses.
No período reprodutivo, o qual inicia-se antes das outras garças brancas, geralmente no mês de abril na região da reserva, os adultos desenvolvem um grupo de penas especiais (egretes) na região da cabeça e dorso (foto). Na nuca, essas penas são menores do que na garça-branca e ficam sobre as demais, com a ponta revirada para cima, dando à silhueta um aspecto de crista nucal, “despenteada”. Os ninhais podem ou não associar-se a outras espécies, sendo sempre construídos na vegetação mais baixa e dentro das moitas. Os 4 ovos são incubados pelos dois sexos durante 25 dias. Macho e fêmea, como nas outras garças, são idênticos entre si. GATURAMO
Maior quase 1/3 do que o vi-vi, com característico bico grosso. Nos machos, o amarelo das partes inferiores atinge a base do bico, ao contrário da espécie anterior. No alto da cabeça, o amarelo quase chega à nuca. As cores das fêmeas são parecidas, diferenciado-se pelo maior tamanho e a falta da pequena área amarelada na testa. Partes inferiores amareladas, com um tom oliváceo no peito.
Essa espécie é muito parecida com o gaturamo ou gurinhatã (Euphonia violacea) de grande parte do centro-oeste, sudeste, sul e da Amazônia oriental. Para diferenciá-las, basicamente o tamanho do bico. A RPPN está exatamente na região de contato entre as duas espécies, sendo que Euphonia laniirostris somente foi encontrado na mata do Bebe, na região sul da reserva.
Habita a parte alta da mata, o que torna difícil sua localização no meio da folhagem. Seus hábitos são semelhantes ao do vi-vi. Em outras áreas, a literatura indica que é uma espécie utilizando ambientes alterados, bordas da mata e áreas abertas, até jardins de casas.
Como estamos nos limites da sua distribuição conhecida, naturalmente pode ter uma baixa densidade populacional.
Os machos, principalmente, são imitadores de outras aves, apesar dos dois sexos cantarem e algumas fêmeas imitarem espécies diferentes. CHORÓ
Muito presente nas matas ciliares dos rios, corixos e baías, bem como nos cerradões, cambarazais e matas secas de toda a região. Vive no estrato baixo, caçando invertebrados nos galhos e folhas, geralmente em casais. Pousa no chão ou em galhos caídos. Acostuma-se com a presença humana, usando quintais e pomares de sítios e fazendas onde não é perseguido ou não existam gatos domésticos.
O macho é negro no dorso, em forte contraste com o branco da região ventral. Asas com faixas brancas notáveis e cauda com bolas brancas, também destacadas. Na fêmea, toda a plumagem negra é substituída por marrom avermelhada, sem haver o branco das asas e cauda. Nos dois sexos, destaca-se o vermelho intenso dos olhos da ave adulta (foto). No juvenil, os olhos são marrom escuro, embora a plumagem já seja do sexo correspondente ao sair do ninho. Mantém as penas da cabeça eriçadas quando ativas, em um topete característico.
Apesar do tamanho, por seus hábitos de caça no meio da vegetação, às vezes é difícil de ser vista. Seu canto é marca registrada, interpretado como cada um dos seus nomes comuns. Apesar de ter vários chamados, demarca o território com um canto de notas graves, um pouco afastadas entre si no início e aceleradas do meio para o final. Termina o canto com uma nota diferente, como se estivesse brava. A duração varia até muitos segundos de emissão. Macho e fêmea emitem o canto, respondendo entre si e até a uma imitação razoável do chamado. Aproximam-se para verificar o canto gravado ou imitado.
Constrói um ninho com fibras e raízes, em formato de bolsa pendente de uma forquilha horizontal, característico de todas as aves dessa família. Sua reprodução começa em julho e vai até novembro/dezembro. Macho e fêmea chocam os ovos e cuidam dos filhotes. Chocando, ficam completamente escondidos no interior do ninho, exceto pela cabeça e ponta da cauda. TANGARÁ CHIFRUDO
Esse é um dos grupos mais coloridos das matas brasileiras. Várias espécies são da Amazônia ou da Mata Atlântica, mas o soldadinho é uma espécie exclusiva das matas ciliares do centro-oeste brasileiro e das matas da baixada pantaneira, com pequenas áreas na Bolívia e Paraguai.
Como na maioria das espécies da família, o macho é muito chamativo. Corpo todo negro, contrastando com o vermelho vivo do alto da cabeça e costas. Um chumaço de penas mais compridas é mantido alto ou sobre o bico (foto), sendo marcante pelo formato e originando um dos nomes comuns da ave. A fêmea e o macho recém saído do ninho são verde garrafa uniforme, exceto pelo bico, pernas e olhos (foto). As penas da fronte são mais compridas e mantidas eretas, embora menores do que no macho adulto. O macho juvenil leva três anos para adquirir a plumagem característica. Nesse meio tempo, podem ser observados machos com partes da plumagem colorida e o restante esverdeada.
Alimentam-se de pequenos frutos e insetos, capturados desde 1 metro do solo até a parte mais alta das árvores. Ao contrário de outras aves dessa família, o macho acasala-se com pelo menos uma fêmea e mantém-se no território de reprodução ao longo de todo o ciclo. Não possui qualquer envolvimento com o choco e o cuidado da prole, mas está sempre ativo, cantando e afastando outros machos adultos em vôos de perseguição abaixo da copa. Vivem solitários, no máximo em casais no mesmo território, pouco associados.
Canta o ano todo, ocasionalmente durante o período de muda (janeiro a abril/maio). É um canto alegre, assobiado e chamativo, composto por cinco partes separadas. A primeira é uma nota separada das demais, curta e mais lenta. As outras vêm em sequência rápida. Na época reprodutiva, responde a imitações ou gravações de seu canto. SURUCUÁ
Uma das aves mais coloridas do Pantanal, vivendo nos diversos ambientes florestados da mesma. Aparece, ocasionalmente, nos capões de cerrado da parte central.
No entanto, é mais comum nas matas ciliares dos rios Cuiabá e São Lourenço, bem como ao longo dos corixos maiores, nos cambarazais e cerradões.
Apesar do colorido espetacular, é mais ouvido do que visto. O canto é uma seqüência de piados curtos e melancólicos, levemente acelerados no final (no Ceará, é chamado de perua-choca devido à semelhança dos cantos).
Canta o ano inteiro, com maior constância entre agosto e dezembro, período da reprodução. Macho e fêmea mantêm contato através do canto e, algumas vezes, podem ser atraídos pela imitação do mesmo. O colorido do macho é mais forte do que o da fêmea, destacando a coloração azul marinho da cabeça e a pálpebra amarelo alaranjado. Na fêmea, essas regiões são cinzentas. A cor da cauda é muito diferente em cada sexo.
Pousa nos galhos horizontais e cipós transversais, sob a copa. Desses pontos de pouso observa o entorno, procurando lagartas nas folhas, cigarras, besouros e aranhas durante muito tempo (daí o nome dorminhoco). Complementam a alimentação com frutinhos pequenos, em especial da embaúba. Nos dois casos, apanham o alimento em vôo direto, ficando sob a presa ou fruto.
Fazem os ninhos nos cupinzeiros arborícolas, cavando um túnel e uma câmara interna. Como no caso das outras aves que usam essa estrutura, o cupinzeiro está ativo e os cupins simplesmente fecham as passagens danificadas pela ave, sem perturbá-la.
Uma pesquisa realizada no Instituto de Biociências (IB) da USP poderá ajudar na preservação das araras-
Arara vermelha em estudo _ globomidia com br
vermelhas Ara chloropterus e Ara macao. Em sua pesquisa de doutorado, a bióloga Adriana Ribeiro de Oliveira-Marques constatou que a espécie Ara chloropterus possui alguma diferenciação genética populacional nas diferentes localidades onde ocorre. “As aves que vivem, por exemplo, no Piauí são geneticamente diferentes das do Mato Grosso do Sul”.
Segundo ela, este dado é importante para órgãos responsáveis por planos de conservação da espécie. “Se uma ave do Piauí for levada para o Mato Grosso do Sul, poderá prejudicar esta população, ao introduzir algum tipo de doença”, aponta a pesquisadora. Outra possibilidade é remanejar exemplares de uma região com grande número populacional para introduzir em locais onde há risco de extinção da espécie.
“Já para Ara macao não encontramos diferenciação genética entre araras das diferentes localidades analisadas. Os dados indicam que parece se tratar de uma única população. No entanto, sugerem que esta espécie se encontra em declínio populacional, o que merece ser estudado mais detalhadamente”, pondera. A espécie Ara chloropterus pode ser encontrada em quase todo território brasileiro, desde a região norte, centro-oeste, sertão do nordeste até o sudeste. Já a ocorrência da Ara macao está concentrada em toda a região norte, na amazônia, ao norte do estado de Mato Grosso, e em alguns pontos da América Central.
Apesar de serem muito semelhantes na aparência, pois possuem plumagem predominantemente vermelha, essas aves apresentam algumas diferenças. Em relação ao tamanho, a A. chloropterus é um pouco maior que A. macao; na região ao redor dos olhos, a A. chloropterus possui fileiras de penas, enquanto a A. macao não tem. A cor das asas também é distinta: a A. macao possui a cor amarela nas asas, enquanto A. chloropterus não.
O objetivo do estudo da bióloga era verificar se havia diferenças genéticas entre grupos de aves de regiões geográficas distintas para as duas espécies. “Infelizmente, nossos dados não permitiram verificar se as espécies do Parque Estadual Morro do Diabo em Teodoro Sampaio, interior de São Paulo, onde a espécie é considerada ameaçada de extinção, são remanescentes dessa região, ou se são provindos do Mato Grosso do Sul. Por isso, mais estudos devem ser realizados com aves dessa localidade”, informa.
Adriana começou a pesquisar as araras durante o mestrado. “O foco era a filogenia [estudo das relações evolutivas entre os organismos] do gênero Ara. Um dos resultados que obtive é que essas duas espécies de araras-vermelhas são o que chamamos de espécies irmãs: muito próximas evolutivamente e também muito parecidas morfologicamente [na aparência]. Daí surgiu a curiosidade de estudar, no doutorado, a variabilidade genética das populações dessas espécies”, explica.
Adriana realizou análises genéticas com amostras de sangue e de penas de araras-vermelhas de diferentes regiões do Brasil. Essas análises foram feitas baseadas nas sequências de segmentos do DNA mitocondrial (DNA existente nas mitocôndrias das células) e nas análises de sequências chamadas de microssatélites, que são encontradas no DNA no núcleo dessas espécies. Escalando árvores e paredões
“As duas espécies possuem ampla distribuição geográfica, então nós tentamos obter uma boa representatividade geográfica dessas espécies. No caso de Ara macao, foram coletadas amostras na amazônia brasileira nos estados do Pará, Amazonas, Rondônia e Acre. Para A. chloropterus foram coletadas amostras de diferentes biomas: cerrado no Piauí, pantanal no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mata atlântica em São Paulo e amazônia nas mesmas localidades de Ara macao.” Para realizar a coleta de amostras, Adriana escalou árvores e paredões de arenito para capturar filhotes de araras-vermelhas.
“Depois da retirada de algumas gotas de sangue, os filhotes foram devolvidos com segurança aos seus respectivos ninhos”, conta a pesquisadora. Além de Adriana, outra pesquisadora do IB também fez parte da empreitada: Flávia Presti, que coletou material para uma pesquisa de doutorado envolvendo araras-azuis. Adriana também recebeu amostras de sangue de alguns pesquisadores do Brasil, como Neiva Guedes, do Projeto Arara-azul (MS); Paulo Antas, do SESC Pantanal (MT) e Alexandre Aleixo, do Museu Emílio Goeldi (PA).
Least concern
Arara vermelha _ Baixaki
Segundo Adriana, as duas espécies de araras-vermelhas estudadas não são consideradas ameaçadas de extinção globalmente, pois ambas são encaradas como comuns. Apesar da perda de habitat e da retirada de filhotes da natureza, acredita-se que estas espécies não se aproximam da porcentagem mínima de declínio populacional (mais de 30% de declínio em 10 anos ou três gerações) por isso, ambas estão como “least concern” (preocupação mínima) na organização International Union for Conservation of Nature (IUCN) e estão como todos os psitacídeos no Apêndice II do Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora (CITES).
“Porém, A. chloropterus é considerada ameaçada de extinção no estado de São Paulo, ocorrendo apenas na região do Parque Estadual Morro do Diabo. Já a Ara macao é considerada ameaçada de extinção em alguns lugares fora do Brasil como Costa Rica e Peru”, esclarece.
De acordo com a bióloga, também é interessante citar que as araras-vermelhas, assim como as azuis, fazem ninhos em paredões e árvores. “Duas diferenças a destacar são que as araras-vermelhas usam como ninhos os ocos de várias espécies de árvores, enquanto as araras-azuis preferem poucas espécies de árvores, e também possuem dieta mais generalista que as azuis”, finaliza.
Aprenda a treinar a sua calopsita. Só assim esta ave se tornará uma companhia pra lá de amigável
Você sabia que a calopsita vive em média dez anos?
Foto: Dreamstime
Independente por natureza, a calopsita não gosta de viver engaiolada. A menos que o dono a acostume desde filhote assim, presa. Mas, no caso, se um dedo atrevido se insinuar por entre as grades para arriscar um carinho em seu topete, é de esperar uma boa bicada. "O comportamento da calopsita reflete o tratamento que ela recebe", explica Marta Brito, veterinária de São Paulo.
"Se ninguém lhe dá atenção, ela fica nervosa mesmo e pode até atacar." Daí a fama de hostil. No entanto, se o dono tiver paciência para treiná-la, vai se surpreender com suas habilidades. Mais do que cantar e assobiar, algumas até aprendem a falar, tal sua capacidade de imitar sons. Para que ela circule pela casa sem perigo de voar para bem longe, é preciso cortar a parte interna de uma das asas - procedimento que, bem entendido, só o veterinário pode fazer. E então, no máximo, ela vai ensaiar pequenos vôos rasantes.
A calopsita - que normalmente tem pelagem branca, amarela ou cinza - vive em média dez anos. Os cuidados que ela requer são básicos. "Em geral, basta uma visita anual ao consultório", diz o veterinário Celso Martins, especialista em aves. Isso, em parte, explica por que anda cada vez mais comum ver gente desfilando por aí com a ave encarapitada no ombro.
Cuide bem da sua calopsita
· Providencie uma bacia de barro envernizado, com 5 cm de altura e 15 cm de diâmetro, para o banho.
· Lave diariamente o viveiro, o bebedouro e o comedouro com água e sabão
· Se quiser que sua calopsita fique solta, evite objetos pequenos e brilhantes espalhados pelo caminho, porque eles despertam a sua curiosidade e acabam ingeridos.
· Um é pouco, dois é bom. Sua calopsita vai gostar de ter uma companheira para não se sentir solitária.
· Ofereça ração para aves (existe uma exclusiva para a calopsita), além de frutas e legumes crus.