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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Pássaros do Pantanal – Segunda Parte

Aqui estão mais alguns pássaros do Pantanal, ainda mais bonitos e curiosos. Existem milhares de aves nesta região, alguns quase em extinção.
Preservar a natureza é necessário, mas parece que muitos não se tocaram ainda dos riscos que podemos estar correndo por desprezar a natureza, o desequilíbrio parece que já está havendo, então para que estes animais não se tornem apenas “bonitos na foto”, devemos tomar cuidado com a natureza.
ARAÇARI CASTANHO
Menores e mais coloridos do que o tucanuçu, os araçaris estão em grupos o ano inteiro. Utilizam pomares e cidades com boa arborização na borda do Pantanal, sendo comuns ao redor do hotel em Porto Cercado. Costumam saquear menos os ninhos de outras aves, restringindo mais sua alimentação a frutos.
O bico é negro na parte de baixo e branco na parte de cima, com um pouco de negro na base. A cabeça é escura, com penas amarronzadas nos lados, destacando a pele nua e cinza azulada ao redor dos olhos, brancos e igualmente chamativos (foto). No peito, uma cinta vermelha cruza o amarelo das partes inferiores. As costas, logo antes da cauda, são vermelhas.
O grupo desloca-se em uma frente pelas árvores, à procura de alimento. Mantém o contato com um assobio fino e penetrante, muito característico. Ao se observar o primeiro araçari, basta procurar com atenção para encontrar os demais. Fazem ninho também em ocos, onde se refugiam para dormir. Os ocos são ninhos antigos de pica-paus ou papagaios, agora usados pelo araçari.
Aparece em todas as matas e cerradões da RPPN. Ao contrário do tucanuçu, não aparecem nas áreas abertas e cerrados do centro da reserva. Outra diferença com o tucanuçu é o seu hábito de deslocarem-se ou elegerem para descanso a parte interna das copas, ficando mesclados com as folhas e dificultando a observação.
Adoram alimentar-se de frutos de embaúba, voltando a mesma árvore por dias seguidos quando há frutos. Junto com os tucanos, estão no grupo dos melhores dispersores de sementes das matas do Pantanal.
ARARA-VERMELHA
Seu cartão de visitas é a bela plumagem vermelha, cor dominante em quase todo o corpo. As asas são azul escuro, com uma faixa esverdeada. As penas da longa cauda, vermelhas, terminam em uma ponta azul. A cara é branca, com linhas de penas pequenas e vermelhas na frente do olho. Bico branco na parte de cima e negro na parte de baixo. Estrutura de bico mais poderosa do que na arara-canindé.
Vive aos casais ou é vista solitária. No Pantanal, não costuma formar bandos, como as outras araras. Fora, é freqüente vê-la em associações maiores. Sua alimentação é variada, com frutos de diversas árvores e cocos. Chega a comer folhas de algumas plantas.
Faz os ninhos em ocos de árvores, muitas vezes ninhos de arara-azul já abandonados em uma estação reprodutiva ou disputados com ela. Devido ao tamanho, necessita de árvores de grande diâmetro, escavando o ninho a cada reprodução para forrá-lo com serragem. Postura de 2 a 3 ovos, com sorte saindo um filhote por ninho a cada ano. O choco é de 28 dias, com o filhote ficando três meses no oco, antes de voar. Sai com a mesma plumagem dos adultos, cauda um pouco menor, olho marrom (claro, no adulto).
Essa arara era freqüente no sudeste do Brasil, tendo ocupado a Mata Atlântica até a década de 80, quando ainda era observada no sul da Bahia e no Espírito Santo. A falta de registros recentes sugerem sua extinção na faixa costeira e no sudeste do Brasil. Locais como Serra das Araras, no Rio de Janeiro e Araraquara, em São Paulo, foram denominações originadas pela sua presença.
No norte de Mato Grosso, além dessa espécie de arara-vermelha, ocorre a Arara-canga Ara macao. Muito parecida, não detectada fora da Floresta Amazônica, a principal diferença é a faixa amarela sobre a asa, onde a arara-vermelha possui penas verdes.
BIGUÁ
Grande ave aquática, adulto totalmente escuro, com o juvenil pardo. No período reprodutivo, como na foto, os adultos apresentam os cantos do bico delimitado por penas brancas, bem como uma mecha de penas da mesma cor atrás do olho. Os olhos são verde claros com raias quase brancas.
É um parente distante dos pelicanos. Alimenta-se exclusivamente de peixes. Sua forma de pescaria é especial. Nada ativamente atrás dos peixes sob a água e, para facilitar seu deslocamento subaquático, as penas perdem parte da sua impermeabilidade, molhando-se. Dessa forma, para poder voar depois dos longos mergulhos, ficam pousados nas margens ou em árvores próximas à água, com as asas abertas ao sol. Nos seus vôos pós-mergulhos longos, precedem seu deslocamento até locais expostos com um comportamento curioso.
Ficam nadando na superfície e batendo as asas seguidamente, para secá-las um pouco e ganhar sustentação.
Esses vôos de saída da água são lentos e difíceis, ao contrário do que ocorre quando estão com as penas secas. Normalmente, deslocam-se em várias altitudes, desde próximo à água até grandes alturas. Nos vôos matinais para chegar a locais de pesca, costumam voar em bandos com formato de V, semelhantes a patos, sendo muitas vezes confundidos com esses. A observação detalhada logo separa os dois, devido ao ritmo de batimento de asas e formato geral da ave, onde a cauda é mais longa proporcionalmente ao corpo do que nos patos.
Seu período reprodutivo no Pantanal inicia-se ainda no período de cheias, quando ocupam os ninhais coletivos e produzem um alarido semelhante ao de porcos. Ano após ano reocupam áreas tradicionais e na região da reserva existem dois ninhais ativos. O maior está na baía da Moranguinha. Ocupados a partir do mês de fevereiro como locais de pouso noturno, em alguns anos começam a nidificar em seguida. Uma de suas áreas prediletas de alimentação é o Riozinho, onde podem ser vistas linhas de vôo contínuas desde os ninhais até baixarem nas águas, para uma pesca individual ou coletiva. No final de julho, é possível encontrar concentrações de centenas de biguás no Riozinho, alguns praticando a pesca coletiva. Nessa modalidade de pesca, o bando de biguás vai nadando na superfície de maneira coordenada e, ocasionalmente, mergulham algumas aves. Vão, pouco a pouco, encurralando um cardume junto à margem ou em um braço de corixo mais raso, quando todos mergulham juntos e pescam seus peixes.
Depois de setembro, reduzem seus números na região da reserva, embora exemplares isolados possam ser observados ao longo de todo o ano no local. Muito freqüente no rio Cuiabá, corixos e baías associados a esse sistema, é menos comum no rio São Lourenço, provavelmente devido à falta de baías e corixos desse último na área da reserva. Também as águas do São Lourenço são geralmente mais turvas, em função dos sedimentos vindos da região de Rondonópolis, o que pode dificultar a visão dos biguás sob a água.
CANÁRIO DA TERRA
Uma das aves mais conhecidas no país por ser mantido em gaiolas. A pressão de captura já ocasionou o seu desaparecimento de várias áreas. Também a alteração ambiental é um fator negativo em parte de sua antiga ocorrência. Apesar disso, coloniza áreas de chácaras e fazendas onde não é capturado. Além do canto, procurado para as rinhas de briga de canários. Essa utilização ilícita é feita aproveitando-se a combatividade natural da espécie no período reprodutivo. Cada casal estabelece um território, com os machos e fêmeas atacando os respectivos sexos para afastá-los do local.
Faz seus ninhos em ocos, buracos em paredes, forros ou nos ninhos de joão-de-barro abandonados. Leva palhas, penas e outros materiais para tecer uma tigela no interior do buraco, chocando até 4 ovos. O macho canta seguidamente, declarando o território ocupado. É um canto formado por várias sílabas altas, repetidas seguidamente (chamado de canto de estalo), com interrupções no meio e retomadas. A fêmea também canta.
Áudio com o canto do canário da terra:
Os pais alimentam os filhotes e esses saem do ninho parecidos com a fêmea. Conforme a região do país existe uma plumagem diferente. No Pantanal, as fêmeas são levemente mais escuras do que os juvenis, tendo penas amareladas no corpo, asa e cauda, além das laterais do corpo fortemente riscadas. Já os machos pantaneiros são de plumagem onde o amarelo domina, com tom esverdeado nas partes superiores. Nessa região há uma série de riscas negras. Na cabeça, sobre os olhos, o cartão de visitas da espécie com o forte laranja de próximo ao bico, tornando-se amarelo em uma listra superciliar.
CARDEAL DO BANHADO
Observado exclusivamente nos brejos com piri, gosta de pousar em locais expostos para tomar sol pela manhã ou quando qualquer coisa perturba a área. As cores, forma do corpo e comprimento do bico são inconfundíveis. Cabeça e peito vermelho alaranjados intensos (mesma cor nas penas da perna, menos visíveis) contrastam fortemente com o negro fechado do corpo (foto). As aves juvenis são cinza escuro uniforme, algumas já apresentando penas vermelhas. Graças às cores recebeu os nomes comuns, por lembrar fardamento militar antigo.
O Pantanal é o limite de distribuição norte da população da bacia platina, estando a RPPN em um dos extremos de ocorrência em direção nordeste (afora um registro em Gurupi, estado do Tocantins). Pouco comum na planície, costuma ser mais notado nas proximidades do rio Paraguai, em direção a Porto Murtinho.
Vive solitário. O canto é um chamado elaborado, conforme é regra entre as aves dessa família. Mistura chamados de vários tons, alguns baixos e outros muito agudos. Em geral, está calado no Pantanal.
Na RPPN é anotado nos pirizais da região sul e em alguns pontos das partes central e norte com esse tipo de brejo. Considerado residente, mas muitos pirizais secam com a baixa das águas e o capitão deve movimentar-se para locais ainda embrejados, já que desaparece das áreas onde foi observado na cheia. A amplitude desses movimentos ainda não foi estabelecida.
EMA
Maior ave do continente e uma das mais antigas, com fósseis de 40 milhões de anos. Seus parentes mais próximos estão na África (avestruzes) e Austrália (casuares e emus). Os ancestrais da ema eram aves voadoras, mas evoluíram usando a corrida como principal forma de fuga de predadores. Perderam a capacidade de vôo com o desenvolvimento corporal; o macho chega a 34 quilos de peso. Suas antigas penas de vôo alteraram-se para estruturas macias, as quais são usadas para a corte das fêmeas e ajudam a dar equilíbrio nas corridas (até 60 km/h), com mudança repentina de direção. Essas penas foram muito utilizadas na fabricação de espanadores, havendo uma caça comercial regular da ema até a década de 1960 para retirada das penas. A carne não era utilizada. Cria facilmente em cativeiro e adapta-se à presença humana, desde que não haja perseguição ou cachorros. Os índios bororós associam a forma do Cruzeiro do Sul à ema. Os ovos são muito apreciados pelos pantaneiros para alimentação.
Vivem em grupos a maior parte do ano. Na foto, um macho, com seu característico pescoço negro mais forte e mais extenso do que suas parceiras. Também é um pouco maior do que as fêmeas. No período reprodutivo, os machos começam a emitir um urro forte e contínuo, parecendo um boi, vindo daí o nome indígena de Nhandu. Reúnem várias fêmeas em um harém e todas botam os ovos em um grande ninho. Ele é escavado pelo macho no chão, encoberto por capinzal e próximo a um capão de mata, sendo forrado com capins e folhas. Feita a postura, as fêmeas deixam para o macho a tarefa de chocar os ovos e cuidar dos filhotes, procurando o território de outro macho para novo acasalamento.
Alimentam-se principalmente de folhas, complementando com insetos e pequenos vertebrados. Comem pequenas pedras para auxiliar a moela a digerir os componentes mais duros da dieta, vindo daí o dito “estômago de avestruz” para significar que come qualquer coisa. Outra característica associada à ema e à avestruz é a idéia de que frente ao perigo, enterram a cabeça. Talvez seja derivado do hábito que têm de dormir com o pescoço para a frente, sobre a terra ou do fato de se esconderem atrás de moitas, deitando-se no solo com a cabeça sobre a terra.
Embora nadem com facilidade, preferem as áreas mais secas do Pantanal para viver. Na reserva estão mais presentes nas áreas de cerrado estacionalmente inundável da parte central.
GAVIÃO TESOURA
Um dos mais espetaculares gaviões, devido ao perfil formado pela longa cauda negra em “V” (foto). O corpo é delgado, com pés e pernas muito pequenos.
Costuma ser gregário, com bandos de até 15 gaviões-tesoura voando juntos. Sua habilidade de vôo é impressionante, manobrando rapidamente sobre a copa das árvores ou passando logo abaixo delas. Ali busca seu alimento, onde misturam-se aves, pequenos lagartos, cobras arborícolas e lagartas. Costuma apanhar frutos nas árvores, nesses rápidos vôos de passagem. Também captura, em vôo, insetos. Come suas presas no ar.
Possui uma subespécie residente no Brasil e, de agosto/setembro a fevereiro, chega a subespécie da América do Norte. Essa última, reproduz-se do norte do México até a costa leste dos Estados Unidos, migrando para o sul e sudeste do Brasil, conforme a recuperação de aves anilhadas.
Na RPPN, é uma ave de passagem ocasional, sobrevoando a copa das matas ribeirinhas ou a grande altura. Seu movimento migratório principal para o sul ocorre em agosto, início de setembro, retornando em fevereiro, sendo esses os períodos mais prováveis de observação na reserva.
JAPU-GUAÇU
A maior ave da família no Pantanal, os machos impressionam pelo tamanho e pela diferença de porte em relação às fêmeas. Fazem ninhos em bolsas trançadas, colocando-as na ponta de galhos ou folhas de palmeira altas, em locais bem expostos. Galhos sobre os rios Cuiabá e São Lourenço podem ser ocupados, destacando os ninhos na paisagem.
Os machos iniciam o trançado, fazendo uma base, mas logo abandonam a tarefa e deixam às fêmeas o trabalho principal de tecelagem de duas ou três semanas. São utilizadas fibras vegetais, com preferência para as fitas de folhas de palmeiras, retiradas com o bico. A entrada fica próxima ao ponto de apoio e, com o peso da ave chocando ou dos filhotes no interior, as fibras são repuxadas e fecham-na, uma proteção contra predadores. Medem até um metro de comprimento. O trançado é resistente, durando meses ao sol e à chuva, mesmo após os ninhos serem abandonados. Somente a fêmea choca e cuida dos filhotes.
Os machos ficam cantando seguidamente na colônia, formando pequenos haréns. O canto é especial, com uma série de ruídos diferentes de qualquer ave. Em vôo ou para dar o alarme, possuem um grasnado rápido, usado para comunicar-se com os outros japus.
Durante o dia, buscam alimento de forma solitária ou em pequenos grupos. Procuram invertebrados, néctar, frutos e flores no meio da folhagem, às vezes em locais e alturas inesperadas pelo tamanho da ave. Usam pomares, onde podem causar danos para pequenos agricultores. Entram nas cidades pantaneiras, em visitas rápidas, quando há oferta de frutas nas árvores.
Além do tamanho, é inconfundível o contraste do corpo com as penas amarelas da cauda (somente as centrais são negras). O tom amarronzado da base da cauda (foto) é pouco visível na natureza. Por outro lado, o enorme bico pontudo e de cor marfim chama a atenção. As aves adultas possuem o olho azul piscina, sendo marrom escuro nos juvenis.
Habitam as matas ciliares, matas secas e cerradões. Deslocam-se grandes distâncias entre pontos de dormida e áreas de alimentação. No final da tarde começam a voar para as áreas de dormida, juntando-se pouco a pouco até chegar a algumas dezenas ou centenas. Concentrações tão grandes formam-se entre maio e julho, atraindo também japuíras e guiraúnas. Ocorrem em toda a RPPN, embora não utilizem muito os cerrados das partes central e norte. Pode ser visto nos jardins do hotel, em Porto Cercado.
MARIA-COCÁ
Domina no macho a coloração negra, enquanto na fêmea ela é amarronzada. Entretanto, o macho é todo barrado (razão de um dos nomes comuns), exceto pelo negro uniforme do alto da cabeça, enquanto a fêmea possui somente os lados da cabeça estriados. Na ave adulta, o olho é branco com leve tom amarelado (marrom avermelhado nos juvenis).
Também mantém as penas da cabeça eriçadas boa parte do tempo, em um topete muito destacado. Vivem em casais, às vezes com os filhotes da estação reprodutiva. Costumam freqüentar as capoeiras, bordas da mata ciliar, cerradões e matas secas, raramente entrando alguns metros na vegetação mais alta. Percorrem a parte central e alta dos arbustos, caçando invertebrados e mantendo contato com piados graves.
Ocasionalmente, em bandos mistos. Cantam o ano inteiro, emitindo o chamado territorial com maior constância entre julho e dezembro. Grave como na choca, embora muito mais curto e terminando com uma nota alta. Na região da RPPN é traduzido como maria-cocá. Comportamento reprodutivo como na espécie anterior, construindo seus ninhos nas bordas da mata e nos arbustos. Ampla distribuição no Brasil (todo o Pantanal), com os contrastes de cores da plumagem e cor do olho variando de região a região.
MUTUM
A maior ave da família no Pantanal, o mutum passa a grande parte do dia no solo da mata ou nas proximidades dos capões. Ao amanhecer e no final da tarde, pode ser visto nas praias ou nas estradas pantaneiras.
Alimenta-se de flores caídas de ipês (piúvas), frutos no chão e invertebrados. Empoleira-se a meia altura, durante a noite ou nas horas mais quentes do dia. O ninho, uma grande maçaroca de galhos e folhas, é construído a 3 ou mais metros de altura do chão, camuflado por folhas da árvore de sustentação. Postura de dois ovos, chocados ao longo de um mês. Os filhotes voam atrás dos pais no segundo dia de vida, sendo a reprodução no final da seca e início da temporada de chuvas.
O nome mutum vem do canto territorial do macho, um som gutural, alto. Mais freqüente de julho a dezembro, embora possa ser escutado em qualquer mês do ano. No período reprodutivo, começa a cantar na madrugada, ainda escuro e prossegue, com grandes intervalos, até o meio da manhã. Canta tanto empoleirado, como no solo, virando a cabeça para o chão, entreabrindo as asas e expulsando o ar pela traquéia, em movimentos ritmados do corpo.
Além desse chamado, macho e fêmea possuem um assobio alto e curto, usado como alarme. Responde, quando imitado.
Vive aos casais, sendo raro encontrá-lo isolado. Muito territoriais, somente aceitam os filhotes juntos por algum tempo, sendo logo expulsos da área, ao atingirem o tamanho dos pais.
O contraste das cores da plumagem dos dois sexos é marcante (foto). Macho todo negro, com a barriga e ventre brancos. A pele nua em volta das narinas é amarelo vivo, em contraste com o negro do bico. Cauda longa e negra, com a uma pequena ponta branca. Já a fêmea é mais colorida, embora o negro domine no dorso. Possui uma série de finas listras brancas nas costas e parte do peito, com a barriga e ventre amarelados. A crista, formada por penas sempre eriçadas, é branca, com pontas negras. A pele das narinas é escura, como o bico e cabeça, às vezes com alguns pontos amarelos. Os filhotes nascem com uma plumagem especial, muito colorida, logo trocada para a plumagem do sexo correspondente.
Apesar de ser uma ave procurada como caça, no Pantanal é bastante freqüente. Nos lugares onde não é perseguida, aproxima-se das casas e vêm ao terreiro comer junto com a criação doméstica.
PICA-PAU
Macho e fêmea diferem pelas distribuição de cores da cabeça. No macho (foto) grande capuz vermelho, com negro só na garganta. Uma pequena área branca e preta parece uma orelha. O branco lateral inicia-se no pescoço. Na fêmea, o branco lateral começa no bico. Na testa e por todo a parte alta da cabeça, uma faixa negra.
Para separar do pica-pau anterior, sob boa luz é possível ver o tom marfim do bico (escurecido em Dryocopus lineatus). Nas costas, a faixa branca dessa espécie une-se no centro, formando um “V”. Na anterior, as duas faixas são paralelas e não se encontram. A faixa negra da cara não engloba os olhos em Campephilus melanoleucus, enquanto na anterior os olhos estão dentro da larga faixa negra.
Tamborilar territorial mais curto, com duas ou três batidas separadas, sem formar o efeito acelerado da anterior. Igualmente, risada alta de contato e território (mais curta).
Faz ninhos em árvores grandes da mata, algumas vezes usando a cicatriz de um galho caído para iniciar a escavação. Seus ninhos, após abandonados ou ainda ocupados, são procurados por outras aves grandes, mamíferos ou répteis para reprodução ou descanso. As araras dependem dessa e da espécie anterior para terem ocos.
Também ocupa árvores menores na borda da mata ou em murundus isolados. É o pica-pau maior mais facilmente observado na RPPN e região.
PRÍNCIPE NEGRO
Esse é o periquito típico das áreas de Chaco do centro do continente. O Pantanal é o seu limite norte e leste de distribuição, sendo pouco freqüente na RPPN, em virtude da localização próxima à borda de ocorrência. Podem ser observados em vários ambientes abertos, sujeitos à inundação periódica. Possuem, preferência, no entanto, pelos carandazais (a associação entre palmeiras carandás), formação ausente da RPPN. Ocorrem, com maior frequência, na área do Riozinho e rio Cuiabá.
O contraste entre o negro de grande parte da cabeça e bico com o verde do corpo é sua característica principal, sendo uma combinação de cores rara entre os psitacídeos. O peito é levemente azulado, com os calções vermelhos (foto). As longas penas das asas e cauda são negras.
Vive em bandos de poucos até dezenas de indivíduos. Mesmo no período reprodutivo, continua a viver nessas associações. Vários príncipes-negros inspecionam um potencial oco antes da postura dos ovos. Postura de 4 ovos; é desconhecido se mais indivíduos auxiliam o casal a tomar conta dos ovos e filhotes.
Comem frutos, coquinhos, flores e sementes, algumas vezes no solo. Gostam de mangas amadurecendo. Geralmente, pousam em arbustos baixos. Qualquer sinal de alarme dado no grupo faz com que todos levantem vôo e circulem a área. Seus gritos são fortes, altos, graves e parecidos com a jandaia-coroinha.
DANÇADOR
Os contrastes de cores do macho são únicos entre as aves da RPPN. O tom de vermelho fogo intensifica-se no alto da cabeça e pescoço, estendendo-se pelo peito (foto). Todo o restante é amarelo vivo, em oposição ao negro do resto das costas e asas. A cauda é curta e pequena para o tamanho do corpo, produzindo uma silhueta característica. A fêmea é toda esverdeada, com tom mais amarelado na barriga (foto). Nos dois sexos, os olhos são brancos, mais destacados na fêmea devido à cor verde escura dominante.
Vivem no interior da mata do Bebe, sendo raro conseguir observá-los bem, apesar das cores. Andam na região abaixo das árvores até cerca de 1 metro do chão, pousando em galhos expostos ou no meio da folhagem. Possuem um vôo rápido e, ao pousarem, ficam imóveis por alguns segundos, dificultando a localização.
Uma outra espécie de Dançador, com uma plumagem azulada:
Ao contrário do soldadinho, os machos possuem uma arena de dança (vindo daí o nome dançador em português e tangará em tupi, com o mesmo significado), onde as fêmeas vem procurar o seu par. Em algumas ocasiões, dois machos exibem-se na arena, mas o dominante é quem acasala. Após a cópula, a fêmea volta à sua área de vida para construir o ninho, chocar os ovos e cuidar dos filhotes sozinha. As arenas são tradicionais e, mesmo fora do período reprodutivo, os machos as visitam e dançam, procurando manter as melhores posições durante todo o ano. Uma vez localizadas, fica mais fácil de encontrar essa ave única.
Além das matas secas do Pantanal, ocorre em toda a Amazônia ao sul do rio Amazonas, matas ciliares maiores e matas secas de todo o centro-oeste, parte do interior de São Paulo e norte do Paraná (nesses últimos estados, já bastante raro, devido ao desmatamento).
TUCANO
Os tucanos são, junto com as araras e papagaios, um dos símbolos mais marcantes das aves do continente sul-americano. Seu colorido, o formato e tamanho do bico chamam a atenção com facilidade, tornando-os inconfundíveis.
O tucanuçu é o maior deles, vivendo em todo o Brasil Central e partes da Amazônia. No Pantanal está a sua maior população, podendo ser encontrado até no interior das cidades, em rápidas visitas a pomares e árvores com frutos. Além dessa fonte alimentar, caçam insetos, pequenos vertebrados e não hesitam em saquear os ninhos de outras espécies, comendo ovos e filhotes. Devido a essa característica, são prontamente perseguidos pelas aves em período reprodutivo. De setembro a novembro é comum observarmos os tucanos voando e um grupo de aves atacando-os duramente, chegando a arrancar tufos de penas de suas costas.
O bico corresponde a quase metade do tamanho do tucanuçu, destacando-se pela sua cor amarelo alaranjada com algumas faixas avermelhadas e grande mancha negra na ponta (no adulto – foto). Apesar do tamanho, é muito leve, devido à estrutura interna, onde existem grandes espaços vazios. O tucano usa-o com grande habilidade, apanhando desde pequenas presas até separando pedaços de alimentos maiores. Suas bordas são serrilhadas e a força do tucano corresponde a seu tamanho. Para ingerir o alimento, lança-o para trás e para cima, em direção à garganta, enquanto abre o bico para o alto.
Usa ocos de árvores para colocar seus dois ovos por postura. Ocupa locais abertos por outras aves, em especial araras e papagaios. Os filhotes nascem sem penas e ainda de olhos fechados. Saem do ninho após cerca de 45 dias de nascidos, menos coloridos do que os pais e com bico todo amarelo.
Vivem em casais no período reprodutivo, formando bandos após a saída dos filhotes dos ninhos. Comunicam-se com chamados graves, parecendo um pouco o mugido do gado (vindo daí o nome goiano de tucano-boi). Os ocos também são usados para dormir, quando a grande ave dobra-se de tal forma que diminui o seu tamanho em dois terços. Inicialmente, coloca o bico sobre as costas e, em seguida, cobre-se com a cauda. Essa posição de dormida também é usada quando dorme no meio das folhas da parte superior da copa das árvores.
SÃO-JOÃOZINHO
O macho, em plumagem de reprodução, é inconfundível. O vermelho vivo da parte ventral contrasta com o dorso escuro (foto). Atrás dos olhos, uma linha escura reforça o contraste e torna-o único. Na fêmea, no macho juvenil e no macho adulto, entre março e julho, a plumagem da região ventral é cinza clara com estrias mais escuras. Barriga com penas levemente róseo alaranjado ou amareladas (juvenis) ou avermelhadas (foto). A linha escura atrás dos olhos presente, com o dorso em tom escuro, embora menos contrastante do que na plumagem reprodutiva.
A população pantaneira é migratória, chegando a partir de maio, vindo do sul do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. O nome comum de Barão do Melgaço indica a chegada próxima à festa de São João, no final de junho, quando é mais notado. O nome verão é dado no sul do Brasil, indicando a chegada, por lá, no período em que o tempo esquenta, após o inverno.
A maior parte das aves migra mais ao norte, até a Amazônia. Apesar da literatura considerar o Pantanal como área de nidificação, na RPPN estão de passagem ou durante o inverno austral. Os últimos são anotados em setembro. A maioria migra para o sul em agosto (logo depois dos machos adquirirem a plumagem vistosa), onde irão se reproduzir.
Além das cores, destaca-se por seu hábito de pousar em galhos expostos, cercas e fios. Dali, voa e captura insetos em vôo, retornando ao poleiro favorito. Ocupa os ambientes abertos, desde campos, praias de rio com arbustos até cerrado e bordas de vegetação florestal. Não penetra em áreas com adensamento de vegetação. Observado em toda a RPPN, é comum nas partes central, norte e na região de campos entre o Riozinho e o rio Cuiabá. Utiliza ambientes criados pelas mãos humanas, sendo notável nos jardins do hotel em Porto Cercado. Pode ser observado na periferia e jardins de cidades como Poconé e Cuiabá, por exemplo.

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